30 de março de 2007

RELAÇÕES ESPACIAIS E CIBERESPAÇO (cyberspace)




De acordo com os conceitos geográficos de Henry Lefebvre, existe grande diferença significativa nos conceitos referente a “Espaço”. Para ele isso acontece porque o Espaço Social, diferentemente, do espaço geográfico natural (mundano), representa a materialização da existência humana, ou seja, está relacionado a todos os locais os quais são fundados por meio da cultura humana. Logo, todo espaço, assim entendido, recebe uma dimensão ulterior ao espaço geográfico (mundano); passando a ser visto e entendido como uma realidade ou como um discurso.

Contudo é importante dizer que o espaço social está contido no espaço geográfico (mundano). O que acontece é que o espaço social sugere um funcionamento lógico e ordenado, controlado por estatutos de vários preceitos: religiosos, políticos, econômicos e etc. Similarmente a isso, porem obedecendo, se não a estatutos: naturais, indomáveis e imprevisíveis o espaço geográfico mostra dentro de seu universo; aparentemente caótico, a ordem dos ciclos e da obediência hierárquica das ordens de causa e efeito. Em outras palavras o que de fato acontece é que o espaço social sugere uma simulação do que se pode obter no espaço geográfico. Isso é obtido por meio do paisagismo, da arquitetura, dos ambientes de sociabilidade como parques, bosques e outras tantas que estão contidas no espaço social e que mostram a passagem do Homem por elas.

Como uma profunda penetração a que o conceito de espaço social sugere, podemos observar também, que mesmo dentro desse espaço fundado pelos homens, existem outros espaços,que são abertos nuclearmente os quais nos levam à diferentes convenções, com diferentes linguagens e estatutos de funcionamento, mesmo que, embora, sejam uma representação do estatuto maior ao qual estão contidos. Esses novos espaços criados dentro do que poderíamos chamar aqui de “marco espaço social", funcionam de forma extensiva, devendo, portanto, serem analisados dentro de suas particulares abordagens e quiçá ampliar para fora dela, vai depender do tipo de analise que se quer fazer. Desse modo abrem-se espaços para a economia, política, cultura e aquilo que se faz de maior importância estudar nesse artigo: o Ciberespaço.

O ciberespaço é o ambiente criado virtualmente por meio do desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e da informação, principalmente aqueles que se comunicam por redes como a Internet. Esse novo espaço, criado dentro do que chamei anteriormente de “macro espaço social”, teve sua realidade possível no momento em que a velocidade e o volume de informações começaram a ser trocadas de forma mais rápida e maior.
A Internet, conhecida como "rede das redes", constitui-se em uma possibilidade condensada sobre características do cyberspace, cujo conceito lhe é anterior. A palavra Ciberespaço ou Cyberspace é desenvolvida por William Gibson, no seu celebre romance de ficção cientifica: Neuromancer (Gibson, 1984), o ciberespaço designa, originalmente, o espaço criado pelas comunicações mediadas por computador ("CMC’s").
"Cyberspace. A consensual hallucination experienced daily by billions of legitimate operators, in every nation, by children being taught mathematical concepts... A graphical representation of data abstratcted from the banks of every computer in the human system. Unthinkable complexity. Lines of light ranged in the nonspace of the mind, clusters and constellations of data. Like city lights, receding..." (GIBSON, 1984:51)

29 de março de 2007

Simulação como discurso.






A idéia central do Ciberespaço, como é em Second Life, consiste basicamente em possibilitar o surgimento de uma nova realidade contada por meio daquilo que Jean Baudrillard chamou de Simulacros e Simulações. As simulações; popularizadas por meio das novas técnicas digitais de informação, vem introduzindo novas formas de comportamento social e, alterando as formas de experimentação da realidade desde os primórdios do século XX. Essas simulações tecnológicas são resultantes de um processo de retroalimentação junto ao cotidiano da vida social. Merece ainda ser dito aqui que, as simulações de forma errônea e preconceituosa tiveram e tem ainda hoje, de certo modo, sua idéia deturpada pelo senso comum que a entendia como fingimento ou mentira salvo, é claro, em alguns setores culturais no que se refere às Artes ou naquilo que virou o ícone fiel dos conceitos de simulações: os Jogos Eletrônicos.

Com o passar dos tempos e com a expansão dos recursos técnicos, as simulações começaram, de certa forma, a serem vistas como algo mais positivo e passou ineditamente a um patamar mais elevado no que concerne à epistemologia. Portanto, nos dias atuais; nos dias de Second Life, por exemplo, as técnicas de simulação ultrapassam largamente dos métodos convencionais de aprendizagem tanto nos segmentos de desenvolvimento tecnológicos quanto no segmento de produção de conhecimento.

De modo geral, na medida em que a nova plasticidade digital avança rumo às novas possibilidades de representação do real, proporcionalmente avançam as possibilidades manipulativas das mensagens sem deixar vestígios de alteração e, consequentemente, do Real numa espécie de busca de unificação entre ambos. Enfim, num mundo em processo de convergência midiática, aonde tudo é digitalizado e passivelmente manipulado, fica cada vez mais difícil, portanto, perceber o que de fato é copia e original fazendo com que se perca surja uma nova forma conceptual acerca da Simulação como falsidade, se não agora como um novo Discurso social.

3 de março de 2007

HIPERCOMUNIDADES











O surgimento da internet como meio de comunicação, nos trouxe muito mais oportunidades do que o imaginado na época do seu lançamento. O seu desenvolvimento tem marcado um assombroso rasgo na forma de vida das pessoas, nos métodos de trabalhos, no jeito de se comercializar e, principalmente, nas relações de sociabilidade e socialização. Nunca, na historia da humanidade, foi tão evidente e acelerado uma mudança de estilo de vida como as ultimas que temos acompanhado paulatinamente ao surgimento das novas tecnologias de comunicação.





Equipadas com técnicas hiperativas e hiperconectivas, tudo se torna possível dentro do universo virtual: ter um novo nome, nova casa, nova profissão, ou seja, uma nova vida. Quantas vezes ouvimos alguém nos dizer que gostaria que tudo fosse belo, colorido e sem defeitos? Que gostaria de viver num sonho bom para sempre? Embora tais coisas ainda não sejam possíveis fisicamente, virtualmente já é totalmente, graças às técnicas desenvolvidas de hiperconexão.

Talvez vocês possam estar se perguntando: o que isso tem a ver? Simples, basta lembrar-nos de que junto à idéia de hipertexto e hiperconexão residem às noções tanto sobre infinitas possibilidades de começos textual como de finais, dessa forma, os jogos virtuais os quais nada mais são do que um tipo de texto; narrado por meio de personagens visualmente ativos e controlados por um leitor que se encontra ativamente envolvido na narrativa, nos faz entender que, mesmo num aparente momento de entretenimento, estamos construindo uma realidade por meio das nossas decisões pessoais, como sugere Mônica:

A capacidade de elección é o que fai que o hipertexto sexa hipertexto, é a interacción do lector o que rompe coa linealidade para determinar que camiño tomar dentre tódolos sendeiros de información dispoñibles. Visto deste xeito, o hipertexto aseméllase á "vida real". Eu camiño no meu devir diario por unha senda que dá lugar a diferentes eleccións. Todos debemos resolver interrogantes. Todos temos que decidir cara onde tirar en cada momento e seguir adiante. Jorge Luis Borges dicía que “los hombres pasan su vida buscando la salida del laberinto, si logran salir sólo se dan cuenta de que están circunscritos en otro laberinto de mayor tamaño y así sucesivamente”(comentário deixado no blog. Gracías Mônica!)

Portanto, agora imaginem uma comunidade virtual onde as pessoas; espalhadas pelo mundo todo, são capazes de controlar seus personagens em tempo real, fazer compras, dirigir seus negócios virtuais e ainda flertar virtualmente com outros personagens. Isso é o Second Life.



Second life é um mundo virtual inteiramente construído e possuído por seus residentes. Desde sua abertura ao publico em 2003, ele vem crescendo e se desenvolvendo vertiginosamente com um total de 4,255,023 pessoas de todas as partes do globo.

Desenvolvido inicialmente para ser um jogo virtual, Second Life vem incrementando suas
relações interativas com o publico, criando sociabilidade por meio da compra de terrenos virtuais, abrindo lojas e vendendo produtos próprios. Nesse mundo virtual tudo foi metodicamente reconstruído: paisagens, estilo de vida, entretenimento e serviços. Todo o comercio em SL é feito por meio da compra do Linden Dollar; sua moeda de circulação.
Mais do que um jogo, o fenômeno Second Life funda o momento de transformação nas relações sociológicas. Desta forma, se repete como foi no inicio da Internet, quando havia apenas um “site” e todos tinham que se encontrar nele. A prospectiva que se tem é que muitos outros grupos e cidades vituais surjam; certamente o que será maravilhoso para a estimulação do comércio vitual ou v-business.



2 de março de 2007

Características dos finais e começos hipertextuais.

Um começo hipertextual permite ainda que, o leitor detecte todas as outras obras assim como estabelece relação direta com obras já existentes; relaciona-se bem com os antagonismos assim como pode se tornar uma mescla de ambas. Identificar um ponto de leitura aqui se torna algo intimamente relacionada ao sujeito mais do que com o objeto. Uma vez que é o leitor quem escolhe os caminhos seguidos, similarmente acontece com os finais, salvo, é claro sua particularidades de abertura e retro-alimentação.

A abertura que me refiro é a mesma que Landow (1995) se refere. Para ele num hipertexto não existe um final se não vários finais possíveis os quais acabam por se misturar e, terminam por abrir novos começos numa espécie de profunda penetração do universo dos sentidos e das significações. Por isso esse tipo de leitura é chamado não-linear, isto é, fragmenta e associa tudo que a envolve. Desta forma, se o que envolve a leitura hipertextual são as múltiplas possibilidades de começos, misturados com outras múltiplas de finais, nada mais razoável do que se ter como resultado uma infinidade de possibilidades proporcionais a natureza de pensamento humano.

Como são formados os inícios e os finais de leitura hipertextual?

De acordo com Edward W. Said, o conjunto de lexias individuais formam um Metatexto. Todas as vezes que ocorre uma junção de conteúdos Hipertextuais surge automaticamente na mente do leitor o interesse por certo tipo de assunto destacado. Em outras palavras, o ponto de partida em uma leitura hipertextual é marcado por forças externas; corporificada na figura do leitor e não do autor. Desta forma, iniciar uma leitura hipertextual significa muito mais do que simplesmente começar a ler algo, mas, sobretudo decidir o que se quer ler; determinar para onde queremos ir. Mais do que sermos levados; simplesmente vamos por nossa própria conta e escolha de decisão.

Resumidamente, um ponto inicial de leitura hipertextual leva em consideração a designação de uma intenção consecutiva.

Vemos que el principio es el punto inicial (en el tiempo, espacio o acción) de una consecución o proceso que tiena duración y sentido. El comienzo entoces, es el primer paso en la producción de significados. (Edgard W. Said, apud. Landow, p.80. 1995).

Questões de princípios e finais num texto não-linear.


Se por ventura, perguntas do tipo: por onde um texto linear começa? Por onde termina? Como se interdisciplinariza?, são nos feitas, com muita certeza responderíamos que começa por onde primeiro temos contato, não é verdade? Com relação a sua finalização, poderíamos também arriscar e dizer que, acaba quando o texto chega as suas considerações gerais, conclusões ou quando simplesmente topamos em sua última página. Sua interdisciplinaridade poderia nos ser dada com muito rigor, é verdade, porem, não variaria muito em sua configuração de acesso.

Todas essas as respostas acima se relacionam diretamente com as bases do textos linear, portanto, como poderíamos responder tais perguntas quando nos referimos a textos e suportes não-lineares? Talvez, não nos fosse igualmente fácil responder esta pergunta, devido a uma serie de fatores que a envolvem. Um desses fatores encontra-se nos princípios da hipertextualidade apresentado por meio de seqüências, nexos, bifurcações e múltiplas vozes interdisciplinares. Dessa forma, como apresentaríamos o inicio e o final de um texto não-linear no qual as hiperconexões são os grandes diretores e organizadores de leitura?.

Si presuponemos que la hipertextualidad presenta secuencias, entonces, una respuesta a esta pregunta es que tiene múltiples principios y finales en lugar de uno solo (LANDOW. 1995, p. 79).

1 de março de 2007

Comentário sobre o livro: O testamento de um excêntrico.


O testamento de um excêntrico é uma novela carregada de conteúdos Hipertextuais que se desdobram e rompem com a os princípios do texto linear (Leitura, Escritura, e Estabilidade), embora escrito num suporte linear como o livro impresso.


Vernes, ao longo da narrativa principal (descobrir que será o vencedor da herança), vai misturando e abrindo outros precedentes para dentro de outras historias que se conectam de forma complementar. Isso tudo foi feito através da utilização de elementos retóricos e simbólicos os quais tratavam os jogadores são como fichas e os estados da União americana como tabuleiro. Desta forma, foi possível a interatividade e multiplicidade de possíveis finais enquanto o leitor era conduzido a outras informações adjacentes. Nas primeiras linhas do livro já podemos observar que Vernes começa a anunciar sua retórica não-linear, observe este trecho abaixo escrito em Espanhol:

CUADERNO PRIMEIRO

I

UNA CIUDAD EM PLENA ALEGRIA

Un extranjero llegado a la principal ciudad del Illinois en la mañana del 3 de abril de 1897 hubiera podido, con perfecta razón, considerarse como un favorito del dios de los viajeros. Su libro de memorias se hubiera enriquecido dicho día con notas curiosas, propias para dar asuntos para artículos de sensación. Y seguramente, si hubiera prolongado algunas semanas primero y algunos meses después su estancia en Chicago, podría haber tomado parte en las emociones, las palpitaciones, las alternativas de esperanza y desesperación, la fiebre, en suma, de aquella gran ciudad, que parecía haber perdido el juicio.

Desde las ocho, enorme multitud, siempre en aumento, se dirigía hacia el barrio veintidós. Es éste uno de los más ricos, y está comprendido entre la Avenida Norte y la Division Street y Lake Shore Drive, que bañan las aguas de Michigán. Es sabido que las longitudes y latitudes, imponiéndolas la regularidad de líneas de un tablero de damas. […]


Neste trecho destacado, observe como Verne utiliza dentro da sua narrativa principal, outras informações que dando maior penetração tanto sobre a ambientação local como suas peculiaridades culturais. Com isso a estabilidade do texto é rompida, a escritura alterada e a leitura otimizada. Mesmo que o suporte tenha sido linear, Vernes pensou de forma não-linear sobre ele.

Os três principais aspectos do texto Linear

Embora diferentes, estes aspectos agem entre si direcionando nossa assimilação textual e, sobretudo, nos faz perceber o texto e sua metafisica como um todo. São nesses aspectos que a teoria critica precisa ser reformulada para o reconhecimento da não-linearidade como texto.

Leitura:Um texto é o que ler, as palavras y frases que tem se de ante dos olhos e vão paulatinamente produzindo significados na mente do leitor.

Escritura:
Um texto é uma mensagem imbuída de valores e intenções de um escritor, gênero ou cultura dada. “A todo discurso subjaz uma ideologia” (Marcuse)

Estabilidade:
Um texto é uma seqüência fixa de componentes (princípios, meios e fins) que não podem mudar a menos que possa fazer sua interpretação.


Noções sobre Texto e Não-linearidade.

Para poder apresentar uma textualidade não-linear como fenômeno estudo da teoria critica do Texto, é preciso fazer uma reformulação sobre os conceitos de texto os quais basicamente formam a tríplice relação significativa: Leitura, Escritura e Estabilidade.

Por texto pode se entendido como um complexo sistema de significantes codificados sobre um suporte que possibilita sua decodificação ao mesmo tempo dentro de uma estabilidade coerente. Essa idéia carrega consigo um pouco da intricada relação de valores culturais que precisam ser reformulados, pois, como diz Landow (1997):

Para presentar la textualidad no lineal como fenómeno que atañe a la teoría del texto, debe replantarse por completo el concepto de textualidad de modo que incluya tanto los textos lineales como los no lineales.


Um texto não-linear pode ao mesmo tempo um objeto de comunicação verbal como não-verbal proporcionalmente. De qualquer forma, ele não se limita simplesmente numa seqüência estática; fixa de significantes como palavras e frases, mas, sobretudo representa a forma; o modo de como isso tudo se relaciona.

Os textos não-lineares são tão variados quanto diferentes entre si. Da mesma forma que são os textos lineares se moldam de acordo ao meio codificado o mesmo acontece com os textos não-lineares cujo tipo de leitura depende inteiramente do suporte empregado. Isso, com efeito, me faz lembrar de certa frase de Mc Luhan que diz: “O meio é a mensagem”. Talvez isso nos remeta as razoes do texto não-linear; ou pelo menos a partir dele, os computadores foram inventados da mesma forma que este reformula e amplia as funções e relações com os textos não-lineares.

27 de fevereiro de 2007

Historia do Livro Digital


1455 - Johannes Gutenberg Desenvolve a prensa de tipos moveis. Essa tecnológia permite a criação de livros de alta qualidade por custos mais baixos do que as formas feitas á mão. O primeiro livro impresso por meio da prensa de Gutenberg foi a “Bíblia Cristã”.

1490 - Aldus Manutius funda a Imprenta Aldine em Veneza.

1570 - Abraham Ortelius produz o primeiro atlas moderno, Theatrum Orbis Terrarum . Recentemente, o atlas se convirteu em um livro digital quando o Library of Congress American Memory Project digitalizou os 70 mapas e os publicou na Web.

1840 - O papel de celulose de madera se produce comercialmente pela primeira vez.

1883 - Tolbert Lanston cri la primeira máquina de escrever mecanicamente, chamada monotipo. Antes de sua invenção, os compositores de textos eram feitos á mao com uma velocidade de cerca de 2.000 letras por hora. Com o passar do tempo, o monotipo chegava a fazer a 6.000 por hora.


1938 - H. G. Wells escreve O cerebro del mundo o qual consistia uma visão de Wells sobre uma enciclopédia impressa de todo o conhecimento humano.


1945 - Vannevar Bush escreve o ensaio, Como podemos pensar , onde descreve um dispositivo chamado de: Memex '. O memex teria, segundo os projetos, o tamanho de um escritório e sería capaz de armazenar tanto livros como outros materiais em microfilme o qual teria a capacidade tambem de vincular documentos afins.

1965 -
Ted Nelson Cria o termo “Hipertexto”. Escreve mais adiante seu próprio prometo utópico chamado: Xanadu no qual armazenaria todos os textos do mundo permanentemente num depósito universalmente acessível.

1965 - O profeta dos meios comunicação: Marshall McLuhan, antecipa a sociedade sobre o impacto que os benefícios potenciais da combinação eletrônica com os livros.

1968 - Alan Kay cria o modelo Dynabook, uma especie de computador com uma tela de 1 milhao de pixel. Kay chama esse dispositivo visionário de algo como: “O super-papel”.

1971 - Michael Hart escreve a Declaração de Independência na Universidade de Illinois. Começa o Projeto Gutenberg, uma espécie de biblioteca gratuita de obras clássicas via computador. Hoje a coleção total desse projeto consiste em 2.000 livros.

1979- Doug Adams escreve a popular novela de ficcao cientifica: O Mapa do Condutor na Galáxia. Essa novela tem como protagonista principal Ford Prefect quem explora a galáxia buscando um livro eletrônico chamado de O Mapa do Condutor.


1981 – O dicionário eletrônico Random House se torna o primeiro livro eletrônico disponível comercialmente no mundo.

1986 – Os editores Franklin Electronic agregam um dicionário eletrônico num dispositivo do “handheld”, desenvolvendo, dessa forma, o primeiro livro digital portátil.

1991 – Os discmam de dados Sony, permitem visualizar livros em CD-ROM em uma tela de 8 cm.

1995 – amazon.com começa a vender livros impressos pela WEB.

2000 – A disponibilidade dos programas Microsoft Reader, Glassbook e equipamentos portáteis para ler livros digitais abrem uma nova era de leitura e de visualização.

26 de fevereiro de 2007

Criação associativa e os novos paradigmas do livro impresso.

“O novo é sempre uma extensão do velho” (Marshall Mc Luhan).

Essa afirmação de Mc Luhan é capaz de resumir muito bem a incrível capacidade humana de associar e ampliar sua cultura. Para explicar isso, primeiro temos que nos desfazer de algumas noções românticas que ainda se encontram entranhadas no imaginário popular, principalmente, naqueles países onde o Romantismo teve maior penetração cultural. Isso, com efeito, inclui tanto alguns países europeus de lingua neolatinas quanto os países latino-americanos que, por influência direta de seus colonizadores, herdaram também conceitos que já não podem ser concebidos como verdade na produção criativa cultural, a saber: questões como “gênio e genialidade”, “original e originalidade” e, até mesmo, a idéia de uma “criação Inspiradora divina”.

Essas palavras e conceitos, juntamente, com seu significado ideológico-religioso permearam todo o período romântico os quais formavam, paulatinamente, reflexos deturpados e; talvez, inaplicáveis nos dia hoje; numa sociedade moderna na qual o pensamento da maioria está voltado, quase sempre, para a produção e modificação das informações e da cultura, consequentemente. Desta forma, novos paradigmas sobre Criação e Criatividade são estabelecidos com conceito mais dinâmicos, mais humano e menos dogmático. Com isso, podemos dizer que todas as miraculosas feituras tecnológicas e científicas que o Homem desfruta hoje em dia vieram a partir de uma nova tomada de consciência de produção cultural.

Ao passo que isso vai se desenvolvendo, o mundo moderno toma impulso e ganha velocidade centrífuga, capaz de tragar tudo para dentro do seu eixo de “spinning”, ou seja, todos os elementos culturais que ainda não foram aplicados pela Convenção Social como ferramenta de desenvolvimento cultural, já são de certo modo figurados pelas mentes de cada época podendo, desta forma, servir como base para o surgimento de algo que se moldará às carências das pessoas em suas respectivas épocas históricas.

Portanto, é justamente por meio de associações que o Velho dá lugar ao Novo; porém, ao invés de desaparecer por completo, ele persiste por um certo tempo; alimentando aquilo que é Novo com suas formas de funcionamento até este ter criado habilidades próprias ate que forme sua própria linguagem.

Temos como exemplo disso: a fotografia que veio das artes plásticas, o cinema que veio tanto do teatro tradicional quanto da fotografia, a televisão que veio do rádio e, finalmente, a internet que veio basicamente das formas tradicionais de livros impressos.

Enfim, qualquer um desses novos meios não passou a existir simplesmente; eles mais do que terem sido inventados foram criados; como resultantes de associações que lhes possibilitaram progredir e se desenvolver para poderem se tornar algo maior e mais amplo. Mais uma vez, ao contrário do pensamento Romântico sobre Inspiração, muita Transpiração foi preciso para que o Novo surgisse, entretanto, mais importante do que seu surgimento, são as suas razões porque surgem.

Por isso, encontramos na própria Cultura as respostas de seu desenvolvimento, por exemplo, ao falarmos em conhecimento ou informação pensamos tradicionalmente em livros, isso não acontece por acaso, como a maioria de nós sabemos, a história do livro carrega consigo tanto a jornada humana em busca do conhecimento, como também, todos seus esforços em desenvolver algo materialmente mais accessível a maioria das pessoas, tanto em nível de leitura quanto em nível de escritura.

É bem verdade que a historia do livro permeia uma trajetória muito longa para ser abordada aqui com riqueza de detalhes, porem, a grosso modo, podemos dizer que o livro, mais precisamente o livro impresso, marca na historia da humanidade uma segregação entre duas épocas distas: a idade Media e a Moderna. O desenvolvimento da prensa de Gutenberg não deve de forma alguma a ele mesmo, mas a uma profunda concentração de desejos, carências e informações culminadas na sua época. O que, basicamente, Gutenberg fez foi associar e organizar tudo isso convergindo para uma nova solução; isso, por volta da segunda metade séc. XV.

La imprenta, es decir, el libro impreso, no nace, pues, por la intuición genial de un hombre, ni siquiera por la conjunción de avances tecnológicos determinados, sino más bien por un proceso de maduración social. Nace a medida que crece el oficio y hasta la simple costumbre de pensar, de trasladar lo pensado a la escritura y de intentar que la escritura se convierta en “texto”, en conocimiento social canónico, y la auctoritas en “autor” libre de otras barreras que no sean las que el propio texto impone. (CATÓN, José M. Fernández. Creadores del Libro p. 32).

Portanto, desde que o livro passou a ser produzido em série; em múltiplos idiomas e, com variados tópicos dissertativos, o livro impresso começou adquirir linguagem própria abrindo dessa forma, uma nova relação paradigmática na sociedade da época de Gutenberg; conhecida como: A sociedade de leitores, devido à crescente democratização da alfabetização.

Com relação à produção impressa dos livros, novos códigos de escritas; tipografias, formatos de letras, estilos e normas de composição foram, paulatinamente, educando os novos leitores sobre como trafegar dentro do texto ou, como melhor aproveitar aqueles momentos de isolamento e independência que haviam conquistado. Nada sobre o livro foi obtido instantaneamente, pelo contrario, como podemos observar tudo foi arduamente criado de acordo com o amadurecimento de cada época, como nos lembra muito convenientemente Mc Arthur:

La estructuración de los libros no tiene nada de “natural”; de hecho, es tremendamente antinatural y necesitó nada menos que 4.000 años para producirse. El gran logro de los escolásticos, sobre todo para las elites escribanas del mundo, fue estilizar los temas, tramas y formas de los libros en una forma realmente rigurosa de estudio, las escrituras y el debate. Sus convenciones acerca de la estructura de los libros cambiaron radicalmente con el advenimiento de la imprenta, que fomentó la ordenación alfabética que nunca antes había cuajado. (MC ARTHUR, apud. Landow. 1995, p. 78)

Entretanto, ainda hoje o livro continua a enfrentar novas modificações de codificação e decodificação, ou seja, o livro como conhecemos tradicionalmente; composto linearmente, vem cada vez sofrendo drásticas influencia de outras formas de mídia as quais oferecem mais agilidade de leitura, profundidade de investigação, maior compressão de informação em menores espaços de armazenamentos sem mencionar as infinitas possibilidades de conexões interdisciplinares, as múltiplas autorias que quebram e descentralização as formas ditatórias dos textos de autor. Desta forma, o livro hoje passa por uma profunda forma de conversão discursiva, estética e filosófica que se ligam e se estendem ao infinito das possibilidades associativas e não “geniais”.


25 de fevereiro de 2007

Técnicas hipertextuais no filme Rashomon.


1 -Flashback e Recolection.
A hipertextualidade no filme Rashomon é obtida durantes as várias e sucessivas utilizações de técnicas de flashback, aonde os personagens vão contando seus pontos de vista a partir de lembranças sobre um crime o qual envolve quatro personagens principais: O nobre marido assassinado, sua esposa violentada, um famoso bandido, um modesto lenhador e um monge Budista. Todos esses personagens possuem suas versões e justificativas, de forma que, ao longo do filme podemos comparar quais delas poderia ser a mais verdadeira.

Essa técnica chamada de “Recolection” por Kurosawa, faz com que o espectador vire testemunha do crime dramático, assim como leva o espectador a tomar o papel de Juiz na trama. Isso ocorre devido à força interativa que o filme propõe, mais precisamente quando a direção decide posicionar os personagens de frente para a câmera fazendo, com isso, que tanto o publico quanto os personagens troquem olhares diretos; como uma espécie de confessionário.



2 - Cenário, Direção e Roteiro.

De forma complementar, a composição hipertextual no filme Rashomon, foi obtida tanto pela direção quanto pela escolha dos cenários; peças de muita importância na fixação dos pontos comuns, nos quais o eixo principal da narração trafegava, ou seja, o eixo ou núcleo principal da trama era fazer o publico saber como de fato o nobre cavalheiro samurai havia sido morto e, além do mais, por que.

Esse pensamento serviu de parâmetro de ida e volta no tempo do filme. Com isso ele é possível identificar os três estágios do roteiro de forma bem definida os quais ao mesmo tempo davam e recebiam as conexões de tempo, a saber:



a) Primeiro tempo ou tempo Comum dos acontecimentos da trama, acontecia dentro das ruínas do templo Rashomon sobre uma tempestade até a introdução de sua problemática ao espectador.




b) Segundo tempo ou Clímax, ainda sobre a forte tempestade após todos os pontos de vistas terem sido ditos, o tempo volta para o templo rashomon onde o personagem do Lenhador vai esclarecer a verdadeira versão do crime.




c) Terceiro tempo ou Apoteose, a cena mais vez volta para o tempo principal, a pergunta é respondida, porem, o filme nao finaliza seu discusso claramente; pelo contario, abri portas para outras possibilidades que os espectadores criam em suas mentes, desta forma, temos muitas possiveis formas de finalização.

Portanto, ao final de todos os pontos de vistas terem sido expressadas, o diretor fez com que a relação espaço-temporal do eixo central do filme não fosse esquecida na memória do publico. Para isso o diretor fez com que vários aspectos estéticos e semióticos se confluíssem também dentro do eixo principal e, como resultado, se obteve uma fragmentação do todo, por meio de cortes rápidos; como saltos rápidos para frente ou para traz dos acontecimentos. Por isso, o eixo principal dos acontecimentos, somados as técnicas de Flashbacks utilizado pela direção, as lembranças ou Recolections escritas no roteiro e a corporificarão disso tudo pelo cenário, formam sem duvida, as conexões hipertextuais do filme.

3- Montagem e Roteiro.

Levando em consideração que a gramática cinematográfica so vai surgir, na historia do cinema, a partir da criação da Montagem do filme, podemos com isso dizer também que foi a montagem a parte que coordenou todas as possíveis tramas hipertextuais. Assim como o Memex de Bush era para organizar as idéias e potencializa-las por meio de associações, a montagem do filme Rashomon foi a parte da produção que tornou possível o embaralhamento da ordem e acontecimentos da narrativa e, com efeito, possibilitou a quebra da linearidade do roteiro.

4 - Personagens

A sobreposição dos elementos faz com que os Personagens interajam com publico e que ele, por sua vez, participe ativamente do drama. Os personagens também provocam as conexões hipertextuais no filme por meio de seus argumentos que se misturam com os demais e que, a um só tempo, são capazes de invocar, de forma incitativa, a participação do publico. Alem disso, todos os personagens envolvidos na trama quando no momento do interrogatório se sentam paralelamente uns aos outros como se formassem uma fileira humana, nesse momento do filme os personagens adquirem uma outra função a de “texto lido” ou “texto suspenso”. O ponto positivo disto é que o espectador, neste momento do filme, consegue organizar mentalmente e visualmente seus pontos de vistas mais convincentes.

O roteiro por sua vez, por ter sido uma adaptação de um romance clássico Japonês, recebeu algumas alterações para que a composição hipertextual se tornasse algo plenamente entendível e coerente, principalmente, para o publico ocidental que ainda não estava acostumado a quebrar a linearidade do tempo dos filmes.


Conclusão Hipertextuais e sua relações com o cinema.

Como um grande quebra cabeças, o diretor Akira Kurosawa teve que organizar todos os elementos criativos do filme para poder fazer com que as lexias hipertextuais funcionassem como elementos dinâmicos de expectação e estética simultaneamente. Claro, que para isso, tanto o roteiro quanto a direção foram os elementos de fundamental importância direcional para que os saltos de tempo e, rasgos de espaço não perdessem o seu eixo central. Porém, nada disso poderia ser feito se a linguagem cinematográfica não oferecesse técnicas que possibilitassem a organização e a distribuição desses acontecimentos de forma interativa uns aos outros e com o publico. Enfim, o que se quer dizer é que, graças às técnicas de direção; considerando as locações do cenário, o treinamentos dos personagens e a decupação do roteiro, misturado, sobretudo, a montagem do filme, os nódulos narrativos puderam ser abertos e organizados coerentemente.

Quais as funções básicas do Hipertexto?


Resumidamente, as funções do hipertexto, como técnica, consistem em ampliar a capacidade de leitura e potencializar as capacidades de escritas. Além disso, o hipertexto pretende fornecer e fomentar uma investigação mais ativa e interativa de forma democrática e descentralizada.

Uma outra função das conexões hipertextuais se revela na velocidade de tanto decodificar quanto de codificar as informações, uma vez, que o hipertexto possibilita trabalhar com qualquer tipo de signo; verbal e não-verbal para a construção de uma idéia.De acordo com a teoria critica, Roland Barthes afirma que:

En este texto ideal, abundan las redes (créseaux) que actúan entre sí sin que ninguna pueda imponerse a la demás; este texto es una galaxia de significantes y no una estructura de significados, no tienes principio, pero sí diversos vías de acceso que ninguna de ellas pueda calificarse de principal; los códigos que moviliza se extienden “hasta donde alcance la vista”; son indeterminables…; los sistemas de significados pueden imponerse a este texto absolutamente plural, pero su número nunca está limitado, ya que está basadoen la infinidad del lenguaje. (BARTHES, apud. Landow, 1995, p. 14)


Se por ventura compararmos as funções tradicionais de conexões, como notas de rodapé, citações e outras formas lineares de conexão, com o atual sistema tecnológico que envolve o hipertexto e suas conexões não-lineares, poderemos perceber que, as vantagens deste para com aqueles são abundantemente superiores. De acordo com Landow (1995), isso pode ser de dois modos:

a) Primeiro Modo:
O texto principal se referencia diretamente com o símbolo de referencia em vez de encotrar-se numa lista numerada al final do texto.

b) Segundo Modo:
Uma vez aberta y superposta ao texto principal ou bem colocada de lado, a nota aparece como um documento independente, embora associado, e não como espécie de texto subsidiário, secundário e eventualmente parasitário.

Afinal, o que é Hipertexto e de onde ele veio?



O hipertexto, termo que surge nos anos sessenta criada por Theodor H. Nelson se refere a um tipo de texto eletrônico; a uma nova tecnologia informativa. Entretanto, apesar de sua nomenclatura ser relativamente nova, o hipertexto, ou pelo menos sua idéia essencial, já havia sido encontrada tecnicamente por meio de projeto de uma maquina no ano de 1945 pelo cientista americano Vannevar Bush. A idéia central do desenvolvimento dessa nova tecnologia prometia organizar os livros e seus conteúdos com base em suas afinidades; uma espécie de blogue eletrônico antigo. Com efeito, isso possibilitaria tanto maior compressão de dados quanto um processo de busca mais acurado das matérias. Essa idéia, de acordo com Landow (1995) ficou conhecida por Memex. Suas razões de existência, ele mesmo explica:

El problema principal reside em lo que llamo <>, la recuperecion de la información, y la razon primaria por la que los que necesitan información no pueden encontrarla, se debe a los inadecuados medios de almacenar, ordenar y etiquetar la información. (Vannevar Bush, apud. Landow. 1995, p.27)


A idéia sobre o Memex (Memory Extension), consistia em ajudar as pessoas a construir suas rememorações por meio de uma maquina que possibilitasse um funcionamento parecido com pensamento humano de associação. Desta forma, as pessoas poderiam ter suas falhas de memória corrigidas, pois, o Memex se prontificava em organiza-las e em data-las corretamente. Essa nova idéia veio a publico por meio de um célebre artigo feito pelo próprio Bush, intitulado de: As We May Think?.

Entretanto, apesar disso tudo acima ser verdadeiro, precisamos aqui dizer que a idéia essencial de compressão e organização dos textos não surge por causa única do Memex propriamente dito, como a maioria dos especialistas possa querer, mas, fundamentalmente, surge a partir de uma inquietante sensação do homem moderno, frente a um vertiginoso e crescente acúmulo e desenvolvimento de novas informações, teorias, experiências e assuntos nos mais vastos campos do saber. O pensamento não poderia mais ser posto apenas de forma linear, como fora anteriormente com a dominação dos livros tradicionais, ou seja, os livros, como suportes físicos, desaceleravam o crescimento e o desenvolvimento do pensamento e, o que é pior, lotava as prateleiras das bibliotecas de forma drástica, onde muitas das vezes, eram quase totalmente esquecidos pelos leitores.

Em outras palavras, o império do livro tradicional juntamente com suas características essenciais de leituras a saber: monossemia e fechamento de idéia e, de escrita; intransigência e autoritarismo começaram a dar vazão a outras formas de escritas e de leituras concomitantemente aos novos valores sociais. Desta forma, temos:


El conjuto de la experiencia humana está creciendo a un ritmo prodigioso, pero los medios que empleamos para desplazarnos por este laberinto hasta llegar al punto importante del momento son los mismos que utilizábamos en los tiempos de las carabelas. (Bush, apud. Landow. 1995, p.26)

A partir desse pensamento e aspiração surge o hipertexto, como conhecemos hoje em dia, um portal que liga assuntos afins ao longo de infinitas possibilidades associativas. O hipertexto, mais do que uma nomenclatura técnica, ele representa e corporifica a forma do pensamento humano, pois, o cérebro humano não funciona linearmente, ou bidimensionalmente, mas, sobretudo, de forma não-linear e tridimensional. O hipertexto surge para facilitar as conexões de pensamento, prolongar o conhecimento e acelerar seu desenvolvimento. A célula principal do hipertexto, aquela que possibilita e engendra todas as associações possíveis, é conhecida como “Links” ou, segundo Barthes, lexias. Esses links ou lexias são os pontos; os nódulos de abertura responsáveis por fazer o fenômeno Hipertextual acontecer dentro de um suporte midiático eletrônico.

Entretanto, ainda que seja verdade que a nomenclatura: Hipertexto surja a partir de um advento eletrônico, não podemos em hipótese alguma afirmar que ele é unicamente eletrônico. Em outras palavras, o fenômeno do hipertexto, ou seja, aquela necessidade humana de associação; de pular associativamente de assunto à assunto, pode ser empregada em qualquer suporte, seja ele linear ou não. Haja vista que, segundo Landow (1995), os textos acadêmicos com suas notas de roda pés, citações e referências são as evidências de que o fenômeno hipertextual já era possível em suportes lineares, mesmo que de forma rudimentar, isto é, comparado com as novas e infinitas possibilidades eletrônicas de hoje.

10 de fevereiro de 2007

Resumo do livro: O testamento de um excêntrico.



O Ponto de partida da novela de Vernes acontece a partir do aparecimento de testamento de morte deixado pelo multimilionário americano William J. Hypperbone, quem vivia na grande cidade de Chicago lá pelos anos de 1897.
Em seu atestado estipulava uma soma de dinheiro calculada em 60 milhões de dólares, uma grande fortuna para época, entretanto, o morto por ter sido durante toda sua vida um grande fanático em jugos de roleta, decidiu que o herdeiro de sua grandiosa fortuna seria aquele que se tornasse o vencedor de uma partida especial de roleta na qual os diferentes estados dos EUA corresponderiam a uma determina casa do jogo de roleta.

Pois muito bem, após terem sido selecionadas pela sorte, seis pessoas de Chicago se lançaram através de todos os EUA indo de Estado em Estado de acordo com que era determinado pela sorte dos dados do jogo lançados quinzenalmente por meio de um cartório responsável pela regulamentação do jogo. Portanto, aos sortudos seis jogadores, e possíveis ganhadores da fortuna de Mr. William, tiveram que se unir com seus nomes e sobrenomes a um jogador anônimo chamado de X.K.Z.

A partir daí começa o ponto mais divertido e intrigante da novela e que, portanto, logo após faz com que a novela ganhe uma nova roupagem, principalmente, pelo suspense empregado o qual se apodera de toda a narração na tentativa de suscitar no espectador a curiosidade em saber quais seriam as peripécias que os participantes fariam em cada lance do jogo e ao mesmo quem seria o grande ganhador da fortuna.

Enfim, o que podemos observar nessa miraculosa novela de Verne é como ele consegue usar os argumentos da ficção como “Background” (espaço de fundo) para fazer longas descrições geográficas, culturais e científicas como “foreground” (espaço de frente). Sem duvida essa característica é a que mais define a forma de escrever desse autor.

31 de janeiro de 2007

O HIPERTEXTO NO INCONSCIENTE CULTURAL - A partir do filme Rashomon

O que dizer para nos safar na hora de difíceis tomadas de decisões? Quais são os limiares entre Verdades e Mentiras? Justificativas e Desculpas? Certo e Errado? Bom e Mal? Agora segue o cerne de todas as questões acima: quais são os seus respectivos pontos em comum? Responder tais perguntas para algumas pessoas parece, talvez, ser algo fácil de se fazer, mas para outros, nem tanto, principalmente, para aqueles que buscam nas evidencias dos fatos a comprovação desejada. Claro que não precisamos por o ser humano dentro de um tubo de ensaio para entendê-lo, basta, ao invés disso, pôr-lo livre para desenvolver seus papeis sociais para que a partir daí possamos ter uma visão aproximada do que pensam a respeito de tais questões.

Perguntas como essas marcam a proposta central do filme Rashomon de Akira Kurosawa e, com efeito, a vida das pessoas em geral. Entretanto, antes de adentrar a discussão sobre o filme, é preciso abrir neste texto portas de conexões que se cruzem e se misturem num só tempo, num tempo onde residem nossas lembranças mais profundas, onde ocorrem os mais rápidos movimentos informativos cerebrais (Inteligência), os quais são capazes de ativar os mais diferentes estágios de nossas vidas por meio de uma simples varredura sensorial a partir de traços, resquícios indicativos como: Índices(sintomáticos ou assintomáticos), sinais, ou símbolos capazes de incitar reações instantânea em nós.

Desta forma, similarmente como foi feito no filme Rashomon por meio de Flashbacks, para sobrepor pontos de vistas em profundidade, aqui, neste, não usaremos “flashbacks” para contarmos pontos de vistas, mas, sobretudo, tentaremos fornecer pistas importantes para que o leitor possa construir um novo olhar e, com efeito, uma nova *Realidade a partir do filme em questão. (*aqui neste, no sentido discursivo do Real).

E bem verdade que não evidenciamos tais questões de forma tão explicita nos noticiários de TV ou, mesmo as vemos sendo discutidas em salas de aulas como deveríamos. Isso sem duvida é um fenômeno que, muitas das vezes, não é se quer assumido existir pela sociedade, devido; talvez, á uma proteção demasiada do ego ou, mesmo, devido a uma rotina de vida “atômica” na qual não nos resta Tempo* nem para pensá-las quanto mais entende-las. Enfim, sejam quais forem as justificativas que possamos encontrar sobre a falta de pertinência desses assuntos é, justamente, sobre sua natureza de surgimento que podemos afirmar com mais certeza de que é a partir da inquietação íntima do ser humano que elas brotam, isso de acordo com a
[1]Dialética Kantiana.

Segundo Kant é preciso apenas o mínimo contato do sujeito com o contexto que contenha questões inquietantes em nós que logo as reconhecemos como experiências imantadas. Em outras palavras, mesmo que não vivenciamos algumas experiências, como o caso do filme Rashomon, onde o protagonista se esconde e se disfarça até o último minuto do filme, para que assim o espectador apareça como juiz do que é bom ou errado, do verdadeiro ou mentiroso, ou do que é simplesmente Justificável, ainda assim, podemos reconhecer todos os nossos lados de fraquezas e sofrimento sobre a mascara de cada um dos personagens envolvidos na trama. O filme trata de um arquetípico triangulo amoroso envolvendo um nobre cavalheiro, a sua esposa e a figura da Sombra encarnada na figura do vagabundo.

O filme Rashomon faz o espectador lembrar de experiência arquetípica que são acionadas por meio de outras lembranças narradas no filme um dentro da outra como se fossem uma gigantesca “caixa chinesa”. O processo de identificação que o espectador faz com o filme esta próximo das nossas noções de moral, honestidade, bondade e justo, é claro, que isso inteligivelmente(ver teorias platônicas). Talvez, seja justamente por isso que a trama do filme nos envolve tanto, chegando a nos causar sentimentos que variam entre a raiva ao perdão, da compaixão à revolta.

Com efeito, passamos de forma muito semelhante por situações e sentimentos comuns as quais marcam a existência de uma unidade estrutural similar a todos os nichos culturais. De acordo com o psicanalista Carl Gustav Jung (quem desenvolveu as noções sobre o inconsciente humano), essas experiências as quais muitas vezes vem corporificadas por meio de imagens-símbolos, chamadas por ele de: Arquétipos (imagens simbólicas padronizadas pelo inconsciente coletivo). Segundo ele esses arquétipos são capazes de nos trazer as mais profundas e longínquas reminiscências antepassadas.

Jung afirma ainda que isso só seja possível devido aos nossos órgãos do sentido ser funcionalmente e biologicamente semelhantes aos dos demais tipos humanos no mundo, com efeito, desenvolvemos também percepções primárias e necessidades básicas semelhantes, como por exemplo: alimentação, segurança e reprodução. A partir disso criou-se, então, uma espécie de “teia” capaz de nos unir coletivamente num contexto psico-cultural chamado de Inconsciente Coletivo
[2] << é a camada mais profunda da nossa psique onde residem as reminiscências de nossa vida ancestral e que nos uni de forma qualitativa>> de forma Virtual aos demais indivíduos dentro de um tempo ulterior(onírico imagianario) ao tempo oxigenado das partículas vivas, mas, primordialmente, à um tempo onde residem nossos sonhos e desejos mais secretos. Ainda sobre o virtual temos:
"o virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização." (LÉVY, 1996, p.16)

Existe, com efeito, a partir dessa relação aquilo que se pode se chamar de: *Retro-Alimentação Virtual da Cultura (grifo meu), pois, é justamente nessa combinação de Inconsciente e Consciente dentro da virtualidade onírica a qual se torna a idéia primordial de Cultura
. Não importa aqui qual de suas teoria é a mais correta, se aquela que diz respeito ao desenvolvimento da oralidade, ou aquela que trata da humanização e transformação do alimento cru para o cozido ou, mesmo, aquela que trata da relação do homem com a morte, o que se quer apontar aqui com maior vigor é apenas a sua relação dialógica Causa X Efeito para que seu surgimento seja possível. A cultura por associação pode ser entendida como o resultado daquilo que existe primeiro no imaginário de uma coletividade e depois projetada, em termos físicos, para um contexto (forma).

O filme Rashomon trabalha de forma dinâmica os arquétipos de experiências, utiliza da mesma forma técnicas de flashback para criar buracos de tempo -como uma espécie de minhoca, que perfura a terra e a deixa em sua superfície um rastro fino e delicado quase imperceptível, porem, todos nós sabemos que é por meio dessa delicadeza de passagem da minhoca pelo solo que o mesmo de enriquece tornando-se, com efeito, mais fértil. Metaforicamente a isso temos no filme o maravilhoso progresso textual corporificado por meio da linguagem cinematográfica de montagem de “flashbacks”. O Efeito criado com isso é uma leitura mais rica do filme feita por meio de vários olhares que se bifurcam e se afastam para o infinito das verdades subjetivas. Basicamente, é na combinação da Técnica com a Arte –(vista em seu sentido estético) – que obtemos as mais expressivas formas informativas. O Hipertexto
se posiciona exatamente no meio deles como um mediador extremamente eficaz na transação das informações e conseqüentemente no aproveitamento do tempo de leitura e para uma maior aproximação de nossos próprios funcionamentos cerebrais. Talvez seja por isso que o hipertexto seja tão rico e tão facilmente compreensível, pois ele nos leva a um reconhecimento mais intimista das nossas próprias faculdades de pensamento a cerca da natureza do real. Pensar sobre sua própria existência e tentar explica-la se torna algo que apenas podem ser rememoradas, seja por meio de mitos, ritos (religiosos ou não) ou de arquétipos - os quais se tornam as peças fundamentais para a comprovação do êxtase de uma vida primordial e imaginaria no mundo dos sonhos pelo os quais; ao passo de combinações com o consciente, temos a construção de várias narrativas que variam desde uma simples historinha infantil até aos mais altos vôos da literatura, do cinema, da TV e tantas Medias as quais, todavia, recebem esse nome não por mero equivalente técnico de significação informativo entre produtor e espectador , mas, fundamente, pelo seu valor de transporte entre Imaginário e Real.

FICHA TECNICA Y REPARTO- Rashomon






Rashomon
Japón (1950)
Duración: 88 min.
Dirección: Akira Kurosawa
Producción: Jingo Minuro para Daiei
Guión: Shinobu Hashimoto y Akira Kurosawa, según los relatos Rashomon y Yabu no naka, de Ryunosuke Akutagawa Fotografía: Kazuo Miyagawa

Dirección Artística: So Matsuyama
Música: Fumio Hayasaka
Sonido: Fumio Yanoguchi
Edición: Akira Kurosawa

Reparto:
Toshiro Mifune (Tajomaru)
Machiko Kyo (Masago)
Takashi Shimura (Leñador)
Masayuki Mori (Takehiro)
Minoru Chiaki (Sacerdote)
Kichijiro Ueda (Campesino)
Fumiko Homma (Médium)
Daisuke Kato (Policía)

30 de janeiro de 2007

Resumo do filme Rashomon de Akira Kurosawa


Abertamente inspirado no conto homônimo do escritor japonês Ryunosuke Akutagawa, o enredo do filme trata da dificuldade de se obter a verdade sobre um evento intrigante, o assassinato de um homem e o consequente estupro da sua esposa. Aos telespectadores, são fornecidos quatro pontos de vistas distintos e conflitantes das testemunhas do caso feito por meio de flashbacks que se desdobram e se sobrepoem. O roteiro do filme e baseado tambem no arquetipico triagulo amoroso que envolve um nobre homem, sua bela esposa e um vagabundo.

Premiado com o Leão de Ouro no
Festival de Veneza em 1951 e com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1952, Rashomon introduziu Kurosawa e o cinema japonês às platéias do Ocidente.