27 de fevereiro de 2007

Historia do Livro Digital


1455 - Johannes Gutenberg Desenvolve a prensa de tipos moveis. Essa tecnológia permite a criação de livros de alta qualidade por custos mais baixos do que as formas feitas á mão. O primeiro livro impresso por meio da prensa de Gutenberg foi a “Bíblia Cristã”.

1490 - Aldus Manutius funda a Imprenta Aldine em Veneza.

1570 - Abraham Ortelius produz o primeiro atlas moderno, Theatrum Orbis Terrarum . Recentemente, o atlas se convirteu em um livro digital quando o Library of Congress American Memory Project digitalizou os 70 mapas e os publicou na Web.

1840 - O papel de celulose de madera se produce comercialmente pela primeira vez.

1883 - Tolbert Lanston cri la primeira máquina de escrever mecanicamente, chamada monotipo. Antes de sua invenção, os compositores de textos eram feitos á mao com uma velocidade de cerca de 2.000 letras por hora. Com o passar do tempo, o monotipo chegava a fazer a 6.000 por hora.


1938 - H. G. Wells escreve O cerebro del mundo o qual consistia uma visão de Wells sobre uma enciclopédia impressa de todo o conhecimento humano.


1945 - Vannevar Bush escreve o ensaio, Como podemos pensar , onde descreve um dispositivo chamado de: Memex '. O memex teria, segundo os projetos, o tamanho de um escritório e sería capaz de armazenar tanto livros como outros materiais em microfilme o qual teria a capacidade tambem de vincular documentos afins.

1965 -
Ted Nelson Cria o termo “Hipertexto”. Escreve mais adiante seu próprio prometo utópico chamado: Xanadu no qual armazenaria todos os textos do mundo permanentemente num depósito universalmente acessível.

1965 - O profeta dos meios comunicação: Marshall McLuhan, antecipa a sociedade sobre o impacto que os benefícios potenciais da combinação eletrônica com os livros.

1968 - Alan Kay cria o modelo Dynabook, uma especie de computador com uma tela de 1 milhao de pixel. Kay chama esse dispositivo visionário de algo como: “O super-papel”.

1971 - Michael Hart escreve a Declaração de Independência na Universidade de Illinois. Começa o Projeto Gutenberg, uma espécie de biblioteca gratuita de obras clássicas via computador. Hoje a coleção total desse projeto consiste em 2.000 livros.

1979- Doug Adams escreve a popular novela de ficcao cientifica: O Mapa do Condutor na Galáxia. Essa novela tem como protagonista principal Ford Prefect quem explora a galáxia buscando um livro eletrônico chamado de O Mapa do Condutor.


1981 – O dicionário eletrônico Random House se torna o primeiro livro eletrônico disponível comercialmente no mundo.

1986 – Os editores Franklin Electronic agregam um dicionário eletrônico num dispositivo do “handheld”, desenvolvendo, dessa forma, o primeiro livro digital portátil.

1991 – Os discmam de dados Sony, permitem visualizar livros em CD-ROM em uma tela de 8 cm.

1995 – amazon.com começa a vender livros impressos pela WEB.

2000 – A disponibilidade dos programas Microsoft Reader, Glassbook e equipamentos portáteis para ler livros digitais abrem uma nova era de leitura e de visualização.

26 de fevereiro de 2007

Criação associativa e os novos paradigmas do livro impresso.

“O novo é sempre uma extensão do velho” (Marshall Mc Luhan).

Essa afirmação de Mc Luhan é capaz de resumir muito bem a incrível capacidade humana de associar e ampliar sua cultura. Para explicar isso, primeiro temos que nos desfazer de algumas noções românticas que ainda se encontram entranhadas no imaginário popular, principalmente, naqueles países onde o Romantismo teve maior penetração cultural. Isso, com efeito, inclui tanto alguns países europeus de lingua neolatinas quanto os países latino-americanos que, por influência direta de seus colonizadores, herdaram também conceitos que já não podem ser concebidos como verdade na produção criativa cultural, a saber: questões como “gênio e genialidade”, “original e originalidade” e, até mesmo, a idéia de uma “criação Inspiradora divina”.

Essas palavras e conceitos, juntamente, com seu significado ideológico-religioso permearam todo o período romântico os quais formavam, paulatinamente, reflexos deturpados e; talvez, inaplicáveis nos dia hoje; numa sociedade moderna na qual o pensamento da maioria está voltado, quase sempre, para a produção e modificação das informações e da cultura, consequentemente. Desta forma, novos paradigmas sobre Criação e Criatividade são estabelecidos com conceito mais dinâmicos, mais humano e menos dogmático. Com isso, podemos dizer que todas as miraculosas feituras tecnológicas e científicas que o Homem desfruta hoje em dia vieram a partir de uma nova tomada de consciência de produção cultural.

Ao passo que isso vai se desenvolvendo, o mundo moderno toma impulso e ganha velocidade centrífuga, capaz de tragar tudo para dentro do seu eixo de “spinning”, ou seja, todos os elementos culturais que ainda não foram aplicados pela Convenção Social como ferramenta de desenvolvimento cultural, já são de certo modo figurados pelas mentes de cada época podendo, desta forma, servir como base para o surgimento de algo que se moldará às carências das pessoas em suas respectivas épocas históricas.

Portanto, é justamente por meio de associações que o Velho dá lugar ao Novo; porém, ao invés de desaparecer por completo, ele persiste por um certo tempo; alimentando aquilo que é Novo com suas formas de funcionamento até este ter criado habilidades próprias ate que forme sua própria linguagem.

Temos como exemplo disso: a fotografia que veio das artes plásticas, o cinema que veio tanto do teatro tradicional quanto da fotografia, a televisão que veio do rádio e, finalmente, a internet que veio basicamente das formas tradicionais de livros impressos.

Enfim, qualquer um desses novos meios não passou a existir simplesmente; eles mais do que terem sido inventados foram criados; como resultantes de associações que lhes possibilitaram progredir e se desenvolver para poderem se tornar algo maior e mais amplo. Mais uma vez, ao contrário do pensamento Romântico sobre Inspiração, muita Transpiração foi preciso para que o Novo surgisse, entretanto, mais importante do que seu surgimento, são as suas razões porque surgem.

Por isso, encontramos na própria Cultura as respostas de seu desenvolvimento, por exemplo, ao falarmos em conhecimento ou informação pensamos tradicionalmente em livros, isso não acontece por acaso, como a maioria de nós sabemos, a história do livro carrega consigo tanto a jornada humana em busca do conhecimento, como também, todos seus esforços em desenvolver algo materialmente mais accessível a maioria das pessoas, tanto em nível de leitura quanto em nível de escritura.

É bem verdade que a historia do livro permeia uma trajetória muito longa para ser abordada aqui com riqueza de detalhes, porem, a grosso modo, podemos dizer que o livro, mais precisamente o livro impresso, marca na historia da humanidade uma segregação entre duas épocas distas: a idade Media e a Moderna. O desenvolvimento da prensa de Gutenberg não deve de forma alguma a ele mesmo, mas a uma profunda concentração de desejos, carências e informações culminadas na sua época. O que, basicamente, Gutenberg fez foi associar e organizar tudo isso convergindo para uma nova solução; isso, por volta da segunda metade séc. XV.

La imprenta, es decir, el libro impreso, no nace, pues, por la intuición genial de un hombre, ni siquiera por la conjunción de avances tecnológicos determinados, sino más bien por un proceso de maduración social. Nace a medida que crece el oficio y hasta la simple costumbre de pensar, de trasladar lo pensado a la escritura y de intentar que la escritura se convierta en “texto”, en conocimiento social canónico, y la auctoritas en “autor” libre de otras barreras que no sean las que el propio texto impone. (CATÓN, José M. Fernández. Creadores del Libro p. 32).

Portanto, desde que o livro passou a ser produzido em série; em múltiplos idiomas e, com variados tópicos dissertativos, o livro impresso começou adquirir linguagem própria abrindo dessa forma, uma nova relação paradigmática na sociedade da época de Gutenberg; conhecida como: A sociedade de leitores, devido à crescente democratização da alfabetização.

Com relação à produção impressa dos livros, novos códigos de escritas; tipografias, formatos de letras, estilos e normas de composição foram, paulatinamente, educando os novos leitores sobre como trafegar dentro do texto ou, como melhor aproveitar aqueles momentos de isolamento e independência que haviam conquistado. Nada sobre o livro foi obtido instantaneamente, pelo contrario, como podemos observar tudo foi arduamente criado de acordo com o amadurecimento de cada época, como nos lembra muito convenientemente Mc Arthur:

La estructuración de los libros no tiene nada de “natural”; de hecho, es tremendamente antinatural y necesitó nada menos que 4.000 años para producirse. El gran logro de los escolásticos, sobre todo para las elites escribanas del mundo, fue estilizar los temas, tramas y formas de los libros en una forma realmente rigurosa de estudio, las escrituras y el debate. Sus convenciones acerca de la estructura de los libros cambiaron radicalmente con el advenimiento de la imprenta, que fomentó la ordenación alfabética que nunca antes había cuajado. (MC ARTHUR, apud. Landow. 1995, p. 78)

Entretanto, ainda hoje o livro continua a enfrentar novas modificações de codificação e decodificação, ou seja, o livro como conhecemos tradicionalmente; composto linearmente, vem cada vez sofrendo drásticas influencia de outras formas de mídia as quais oferecem mais agilidade de leitura, profundidade de investigação, maior compressão de informação em menores espaços de armazenamentos sem mencionar as infinitas possibilidades de conexões interdisciplinares, as múltiplas autorias que quebram e descentralização as formas ditatórias dos textos de autor. Desta forma, o livro hoje passa por uma profunda forma de conversão discursiva, estética e filosófica que se ligam e se estendem ao infinito das possibilidades associativas e não “geniais”.


25 de fevereiro de 2007

Técnicas hipertextuais no filme Rashomon.


1 -Flashback e Recolection.
A hipertextualidade no filme Rashomon é obtida durantes as várias e sucessivas utilizações de técnicas de flashback, aonde os personagens vão contando seus pontos de vista a partir de lembranças sobre um crime o qual envolve quatro personagens principais: O nobre marido assassinado, sua esposa violentada, um famoso bandido, um modesto lenhador e um monge Budista. Todos esses personagens possuem suas versões e justificativas, de forma que, ao longo do filme podemos comparar quais delas poderia ser a mais verdadeira.

Essa técnica chamada de “Recolection” por Kurosawa, faz com que o espectador vire testemunha do crime dramático, assim como leva o espectador a tomar o papel de Juiz na trama. Isso ocorre devido à força interativa que o filme propõe, mais precisamente quando a direção decide posicionar os personagens de frente para a câmera fazendo, com isso, que tanto o publico quanto os personagens troquem olhares diretos; como uma espécie de confessionário.



2 - Cenário, Direção e Roteiro.

De forma complementar, a composição hipertextual no filme Rashomon, foi obtida tanto pela direção quanto pela escolha dos cenários; peças de muita importância na fixação dos pontos comuns, nos quais o eixo principal da narração trafegava, ou seja, o eixo ou núcleo principal da trama era fazer o publico saber como de fato o nobre cavalheiro samurai havia sido morto e, além do mais, por que.

Esse pensamento serviu de parâmetro de ida e volta no tempo do filme. Com isso ele é possível identificar os três estágios do roteiro de forma bem definida os quais ao mesmo tempo davam e recebiam as conexões de tempo, a saber:



a) Primeiro tempo ou tempo Comum dos acontecimentos da trama, acontecia dentro das ruínas do templo Rashomon sobre uma tempestade até a introdução de sua problemática ao espectador.




b) Segundo tempo ou Clímax, ainda sobre a forte tempestade após todos os pontos de vistas terem sido ditos, o tempo volta para o templo rashomon onde o personagem do Lenhador vai esclarecer a verdadeira versão do crime.




c) Terceiro tempo ou Apoteose, a cena mais vez volta para o tempo principal, a pergunta é respondida, porem, o filme nao finaliza seu discusso claramente; pelo contario, abri portas para outras possibilidades que os espectadores criam em suas mentes, desta forma, temos muitas possiveis formas de finalização.

Portanto, ao final de todos os pontos de vistas terem sido expressadas, o diretor fez com que a relação espaço-temporal do eixo central do filme não fosse esquecida na memória do publico. Para isso o diretor fez com que vários aspectos estéticos e semióticos se confluíssem também dentro do eixo principal e, como resultado, se obteve uma fragmentação do todo, por meio de cortes rápidos; como saltos rápidos para frente ou para traz dos acontecimentos. Por isso, o eixo principal dos acontecimentos, somados as técnicas de Flashbacks utilizado pela direção, as lembranças ou Recolections escritas no roteiro e a corporificarão disso tudo pelo cenário, formam sem duvida, as conexões hipertextuais do filme.

3- Montagem e Roteiro.

Levando em consideração que a gramática cinematográfica so vai surgir, na historia do cinema, a partir da criação da Montagem do filme, podemos com isso dizer também que foi a montagem a parte que coordenou todas as possíveis tramas hipertextuais. Assim como o Memex de Bush era para organizar as idéias e potencializa-las por meio de associações, a montagem do filme Rashomon foi a parte da produção que tornou possível o embaralhamento da ordem e acontecimentos da narrativa e, com efeito, possibilitou a quebra da linearidade do roteiro.

4 - Personagens

A sobreposição dos elementos faz com que os Personagens interajam com publico e que ele, por sua vez, participe ativamente do drama. Os personagens também provocam as conexões hipertextuais no filme por meio de seus argumentos que se misturam com os demais e que, a um só tempo, são capazes de invocar, de forma incitativa, a participação do publico. Alem disso, todos os personagens envolvidos na trama quando no momento do interrogatório se sentam paralelamente uns aos outros como se formassem uma fileira humana, nesse momento do filme os personagens adquirem uma outra função a de “texto lido” ou “texto suspenso”. O ponto positivo disto é que o espectador, neste momento do filme, consegue organizar mentalmente e visualmente seus pontos de vistas mais convincentes.

O roteiro por sua vez, por ter sido uma adaptação de um romance clássico Japonês, recebeu algumas alterações para que a composição hipertextual se tornasse algo plenamente entendível e coerente, principalmente, para o publico ocidental que ainda não estava acostumado a quebrar a linearidade do tempo dos filmes.


Conclusão Hipertextuais e sua relações com o cinema.

Como um grande quebra cabeças, o diretor Akira Kurosawa teve que organizar todos os elementos criativos do filme para poder fazer com que as lexias hipertextuais funcionassem como elementos dinâmicos de expectação e estética simultaneamente. Claro, que para isso, tanto o roteiro quanto a direção foram os elementos de fundamental importância direcional para que os saltos de tempo e, rasgos de espaço não perdessem o seu eixo central. Porém, nada disso poderia ser feito se a linguagem cinematográfica não oferecesse técnicas que possibilitassem a organização e a distribuição desses acontecimentos de forma interativa uns aos outros e com o publico. Enfim, o que se quer dizer é que, graças às técnicas de direção; considerando as locações do cenário, o treinamentos dos personagens e a decupação do roteiro, misturado, sobretudo, a montagem do filme, os nódulos narrativos puderam ser abertos e organizados coerentemente.

Quais as funções básicas do Hipertexto?


Resumidamente, as funções do hipertexto, como técnica, consistem em ampliar a capacidade de leitura e potencializar as capacidades de escritas. Além disso, o hipertexto pretende fornecer e fomentar uma investigação mais ativa e interativa de forma democrática e descentralizada.

Uma outra função das conexões hipertextuais se revela na velocidade de tanto decodificar quanto de codificar as informações, uma vez, que o hipertexto possibilita trabalhar com qualquer tipo de signo; verbal e não-verbal para a construção de uma idéia.De acordo com a teoria critica, Roland Barthes afirma que:

En este texto ideal, abundan las redes (créseaux) que actúan entre sí sin que ninguna pueda imponerse a la demás; este texto es una galaxia de significantes y no una estructura de significados, no tienes principio, pero sí diversos vías de acceso que ninguna de ellas pueda calificarse de principal; los códigos que moviliza se extienden “hasta donde alcance la vista”; son indeterminables…; los sistemas de significados pueden imponerse a este texto absolutamente plural, pero su número nunca está limitado, ya que está basadoen la infinidad del lenguaje. (BARTHES, apud. Landow, 1995, p. 14)


Se por ventura compararmos as funções tradicionais de conexões, como notas de rodapé, citações e outras formas lineares de conexão, com o atual sistema tecnológico que envolve o hipertexto e suas conexões não-lineares, poderemos perceber que, as vantagens deste para com aqueles são abundantemente superiores. De acordo com Landow (1995), isso pode ser de dois modos:

a) Primeiro Modo:
O texto principal se referencia diretamente com o símbolo de referencia em vez de encotrar-se numa lista numerada al final do texto.

b) Segundo Modo:
Uma vez aberta y superposta ao texto principal ou bem colocada de lado, a nota aparece como um documento independente, embora associado, e não como espécie de texto subsidiário, secundário e eventualmente parasitário.

Afinal, o que é Hipertexto e de onde ele veio?



O hipertexto, termo que surge nos anos sessenta criada por Theodor H. Nelson se refere a um tipo de texto eletrônico; a uma nova tecnologia informativa. Entretanto, apesar de sua nomenclatura ser relativamente nova, o hipertexto, ou pelo menos sua idéia essencial, já havia sido encontrada tecnicamente por meio de projeto de uma maquina no ano de 1945 pelo cientista americano Vannevar Bush. A idéia central do desenvolvimento dessa nova tecnologia prometia organizar os livros e seus conteúdos com base em suas afinidades; uma espécie de blogue eletrônico antigo. Com efeito, isso possibilitaria tanto maior compressão de dados quanto um processo de busca mais acurado das matérias. Essa idéia, de acordo com Landow (1995) ficou conhecida por Memex. Suas razões de existência, ele mesmo explica:

El problema principal reside em lo que llamo <>, la recuperecion de la información, y la razon primaria por la que los que necesitan información no pueden encontrarla, se debe a los inadecuados medios de almacenar, ordenar y etiquetar la información. (Vannevar Bush, apud. Landow. 1995, p.27)


A idéia sobre o Memex (Memory Extension), consistia em ajudar as pessoas a construir suas rememorações por meio de uma maquina que possibilitasse um funcionamento parecido com pensamento humano de associação. Desta forma, as pessoas poderiam ter suas falhas de memória corrigidas, pois, o Memex se prontificava em organiza-las e em data-las corretamente. Essa nova idéia veio a publico por meio de um célebre artigo feito pelo próprio Bush, intitulado de: As We May Think?.

Entretanto, apesar disso tudo acima ser verdadeiro, precisamos aqui dizer que a idéia essencial de compressão e organização dos textos não surge por causa única do Memex propriamente dito, como a maioria dos especialistas possa querer, mas, fundamentalmente, surge a partir de uma inquietante sensação do homem moderno, frente a um vertiginoso e crescente acúmulo e desenvolvimento de novas informações, teorias, experiências e assuntos nos mais vastos campos do saber. O pensamento não poderia mais ser posto apenas de forma linear, como fora anteriormente com a dominação dos livros tradicionais, ou seja, os livros, como suportes físicos, desaceleravam o crescimento e o desenvolvimento do pensamento e, o que é pior, lotava as prateleiras das bibliotecas de forma drástica, onde muitas das vezes, eram quase totalmente esquecidos pelos leitores.

Em outras palavras, o império do livro tradicional juntamente com suas características essenciais de leituras a saber: monossemia e fechamento de idéia e, de escrita; intransigência e autoritarismo começaram a dar vazão a outras formas de escritas e de leituras concomitantemente aos novos valores sociais. Desta forma, temos:


El conjuto de la experiencia humana está creciendo a un ritmo prodigioso, pero los medios que empleamos para desplazarnos por este laberinto hasta llegar al punto importante del momento son los mismos que utilizábamos en los tiempos de las carabelas. (Bush, apud. Landow. 1995, p.26)

A partir desse pensamento e aspiração surge o hipertexto, como conhecemos hoje em dia, um portal que liga assuntos afins ao longo de infinitas possibilidades associativas. O hipertexto, mais do que uma nomenclatura técnica, ele representa e corporifica a forma do pensamento humano, pois, o cérebro humano não funciona linearmente, ou bidimensionalmente, mas, sobretudo, de forma não-linear e tridimensional. O hipertexto surge para facilitar as conexões de pensamento, prolongar o conhecimento e acelerar seu desenvolvimento. A célula principal do hipertexto, aquela que possibilita e engendra todas as associações possíveis, é conhecida como “Links” ou, segundo Barthes, lexias. Esses links ou lexias são os pontos; os nódulos de abertura responsáveis por fazer o fenômeno Hipertextual acontecer dentro de um suporte midiático eletrônico.

Entretanto, ainda que seja verdade que a nomenclatura: Hipertexto surja a partir de um advento eletrônico, não podemos em hipótese alguma afirmar que ele é unicamente eletrônico. Em outras palavras, o fenômeno do hipertexto, ou seja, aquela necessidade humana de associação; de pular associativamente de assunto à assunto, pode ser empregada em qualquer suporte, seja ele linear ou não. Haja vista que, segundo Landow (1995), os textos acadêmicos com suas notas de roda pés, citações e referências são as evidências de que o fenômeno hipertextual já era possível em suportes lineares, mesmo que de forma rudimentar, isto é, comparado com as novas e infinitas possibilidades eletrônicas de hoje.

10 de fevereiro de 2007

Resumo do livro: O testamento de um excêntrico.



O Ponto de partida da novela de Vernes acontece a partir do aparecimento de testamento de morte deixado pelo multimilionário americano William J. Hypperbone, quem vivia na grande cidade de Chicago lá pelos anos de 1897.
Em seu atestado estipulava uma soma de dinheiro calculada em 60 milhões de dólares, uma grande fortuna para época, entretanto, o morto por ter sido durante toda sua vida um grande fanático em jugos de roleta, decidiu que o herdeiro de sua grandiosa fortuna seria aquele que se tornasse o vencedor de uma partida especial de roleta na qual os diferentes estados dos EUA corresponderiam a uma determina casa do jogo de roleta.

Pois muito bem, após terem sido selecionadas pela sorte, seis pessoas de Chicago se lançaram através de todos os EUA indo de Estado em Estado de acordo com que era determinado pela sorte dos dados do jogo lançados quinzenalmente por meio de um cartório responsável pela regulamentação do jogo. Portanto, aos sortudos seis jogadores, e possíveis ganhadores da fortuna de Mr. William, tiveram que se unir com seus nomes e sobrenomes a um jogador anônimo chamado de X.K.Z.

A partir daí começa o ponto mais divertido e intrigante da novela e que, portanto, logo após faz com que a novela ganhe uma nova roupagem, principalmente, pelo suspense empregado o qual se apodera de toda a narração na tentativa de suscitar no espectador a curiosidade em saber quais seriam as peripécias que os participantes fariam em cada lance do jogo e ao mesmo quem seria o grande ganhador da fortuna.

Enfim, o que podemos observar nessa miraculosa novela de Verne é como ele consegue usar os argumentos da ficção como “Background” (espaço de fundo) para fazer longas descrições geográficas, culturais e científicas como “foreground” (espaço de frente). Sem duvida essa característica é a que mais define a forma de escrever desse autor.