30 de março de 2007

RELAÇÕES ESPACIAIS E CIBERESPAÇO (cyberspace)




De acordo com os conceitos geográficos de Henry Lefebvre, existe grande diferença significativa nos conceitos referente a “Espaço”. Para ele isso acontece porque o Espaço Social, diferentemente, do espaço geográfico natural (mundano), representa a materialização da existência humana, ou seja, está relacionado a todos os locais os quais são fundados por meio da cultura humana. Logo, todo espaço, assim entendido, recebe uma dimensão ulterior ao espaço geográfico (mundano); passando a ser visto e entendido como uma realidade ou como um discurso.

Contudo é importante dizer que o espaço social está contido no espaço geográfico (mundano). O que acontece é que o espaço social sugere um funcionamento lógico e ordenado, controlado por estatutos de vários preceitos: religiosos, políticos, econômicos e etc. Similarmente a isso, porem obedecendo, se não a estatutos: naturais, indomáveis e imprevisíveis o espaço geográfico mostra dentro de seu universo; aparentemente caótico, a ordem dos ciclos e da obediência hierárquica das ordens de causa e efeito. Em outras palavras o que de fato acontece é que o espaço social sugere uma simulação do que se pode obter no espaço geográfico. Isso é obtido por meio do paisagismo, da arquitetura, dos ambientes de sociabilidade como parques, bosques e outras tantas que estão contidas no espaço social e que mostram a passagem do Homem por elas.

Como uma profunda penetração a que o conceito de espaço social sugere, podemos observar também, que mesmo dentro desse espaço fundado pelos homens, existem outros espaços,que são abertos nuclearmente os quais nos levam à diferentes convenções, com diferentes linguagens e estatutos de funcionamento, mesmo que, embora, sejam uma representação do estatuto maior ao qual estão contidos. Esses novos espaços criados dentro do que poderíamos chamar aqui de “marco espaço social", funcionam de forma extensiva, devendo, portanto, serem analisados dentro de suas particulares abordagens e quiçá ampliar para fora dela, vai depender do tipo de analise que se quer fazer. Desse modo abrem-se espaços para a economia, política, cultura e aquilo que se faz de maior importância estudar nesse artigo: o Ciberespaço.

O ciberespaço é o ambiente criado virtualmente por meio do desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e da informação, principalmente aqueles que se comunicam por redes como a Internet. Esse novo espaço, criado dentro do que chamei anteriormente de “macro espaço social”, teve sua realidade possível no momento em que a velocidade e o volume de informações começaram a ser trocadas de forma mais rápida e maior.
A Internet, conhecida como "rede das redes", constitui-se em uma possibilidade condensada sobre características do cyberspace, cujo conceito lhe é anterior. A palavra Ciberespaço ou Cyberspace é desenvolvida por William Gibson, no seu celebre romance de ficção cientifica: Neuromancer (Gibson, 1984), o ciberespaço designa, originalmente, o espaço criado pelas comunicações mediadas por computador ("CMC’s").
"Cyberspace. A consensual hallucination experienced daily by billions of legitimate operators, in every nation, by children being taught mathematical concepts... A graphical representation of data abstratcted from the banks of every computer in the human system. Unthinkable complexity. Lines of light ranged in the nonspace of the mind, clusters and constellations of data. Like city lights, receding..." (GIBSON, 1984:51)

29 de março de 2007

Simulação como discurso.






A idéia central do Ciberespaço, como é em Second Life, consiste basicamente em possibilitar o surgimento de uma nova realidade contada por meio daquilo que Jean Baudrillard chamou de Simulacros e Simulações. As simulações; popularizadas por meio das novas técnicas digitais de informação, vem introduzindo novas formas de comportamento social e, alterando as formas de experimentação da realidade desde os primórdios do século XX. Essas simulações tecnológicas são resultantes de um processo de retroalimentação junto ao cotidiano da vida social. Merece ainda ser dito aqui que, as simulações de forma errônea e preconceituosa tiveram e tem ainda hoje, de certo modo, sua idéia deturpada pelo senso comum que a entendia como fingimento ou mentira salvo, é claro, em alguns setores culturais no que se refere às Artes ou naquilo que virou o ícone fiel dos conceitos de simulações: os Jogos Eletrônicos.

Com o passar dos tempos e com a expansão dos recursos técnicos, as simulações começaram, de certa forma, a serem vistas como algo mais positivo e passou ineditamente a um patamar mais elevado no que concerne à epistemologia. Portanto, nos dias atuais; nos dias de Second Life, por exemplo, as técnicas de simulação ultrapassam largamente dos métodos convencionais de aprendizagem tanto nos segmentos de desenvolvimento tecnológicos quanto no segmento de produção de conhecimento.

De modo geral, na medida em que a nova plasticidade digital avança rumo às novas possibilidades de representação do real, proporcionalmente avançam as possibilidades manipulativas das mensagens sem deixar vestígios de alteração e, consequentemente, do Real numa espécie de busca de unificação entre ambos. Enfim, num mundo em processo de convergência midiática, aonde tudo é digitalizado e passivelmente manipulado, fica cada vez mais difícil, portanto, perceber o que de fato é copia e original fazendo com que se perca surja uma nova forma conceptual acerca da Simulação como falsidade, se não agora como um novo Discurso social.

3 de março de 2007

HIPERCOMUNIDADES











O surgimento da internet como meio de comunicação, nos trouxe muito mais oportunidades do que o imaginado na época do seu lançamento. O seu desenvolvimento tem marcado um assombroso rasgo na forma de vida das pessoas, nos métodos de trabalhos, no jeito de se comercializar e, principalmente, nas relações de sociabilidade e socialização. Nunca, na historia da humanidade, foi tão evidente e acelerado uma mudança de estilo de vida como as ultimas que temos acompanhado paulatinamente ao surgimento das novas tecnologias de comunicação.





Equipadas com técnicas hiperativas e hiperconectivas, tudo se torna possível dentro do universo virtual: ter um novo nome, nova casa, nova profissão, ou seja, uma nova vida. Quantas vezes ouvimos alguém nos dizer que gostaria que tudo fosse belo, colorido e sem defeitos? Que gostaria de viver num sonho bom para sempre? Embora tais coisas ainda não sejam possíveis fisicamente, virtualmente já é totalmente, graças às técnicas desenvolvidas de hiperconexão.

Talvez vocês possam estar se perguntando: o que isso tem a ver? Simples, basta lembrar-nos de que junto à idéia de hipertexto e hiperconexão residem às noções tanto sobre infinitas possibilidades de começos textual como de finais, dessa forma, os jogos virtuais os quais nada mais são do que um tipo de texto; narrado por meio de personagens visualmente ativos e controlados por um leitor que se encontra ativamente envolvido na narrativa, nos faz entender que, mesmo num aparente momento de entretenimento, estamos construindo uma realidade por meio das nossas decisões pessoais, como sugere Mônica:

A capacidade de elección é o que fai que o hipertexto sexa hipertexto, é a interacción do lector o que rompe coa linealidade para determinar que camiño tomar dentre tódolos sendeiros de información dispoñibles. Visto deste xeito, o hipertexto aseméllase á "vida real". Eu camiño no meu devir diario por unha senda que dá lugar a diferentes eleccións. Todos debemos resolver interrogantes. Todos temos que decidir cara onde tirar en cada momento e seguir adiante. Jorge Luis Borges dicía que “los hombres pasan su vida buscando la salida del laberinto, si logran salir sólo se dan cuenta de que están circunscritos en otro laberinto de mayor tamaño y así sucesivamente”(comentário deixado no blog. Gracías Mônica!)

Portanto, agora imaginem uma comunidade virtual onde as pessoas; espalhadas pelo mundo todo, são capazes de controlar seus personagens em tempo real, fazer compras, dirigir seus negócios virtuais e ainda flertar virtualmente com outros personagens. Isso é o Second Life.



Second life é um mundo virtual inteiramente construído e possuído por seus residentes. Desde sua abertura ao publico em 2003, ele vem crescendo e se desenvolvendo vertiginosamente com um total de 4,255,023 pessoas de todas as partes do globo.

Desenvolvido inicialmente para ser um jogo virtual, Second Life vem incrementando suas
relações interativas com o publico, criando sociabilidade por meio da compra de terrenos virtuais, abrindo lojas e vendendo produtos próprios. Nesse mundo virtual tudo foi metodicamente reconstruído: paisagens, estilo de vida, entretenimento e serviços. Todo o comercio em SL é feito por meio da compra do Linden Dollar; sua moeda de circulação.
Mais do que um jogo, o fenômeno Second Life funda o momento de transformação nas relações sociológicas. Desta forma, se repete como foi no inicio da Internet, quando havia apenas um “site” e todos tinham que se encontrar nele. A prospectiva que se tem é que muitos outros grupos e cidades vituais surjam; certamente o que será maravilhoso para a estimulação do comércio vitual ou v-business.



2 de março de 2007

Características dos finais e começos hipertextuais.

Um começo hipertextual permite ainda que, o leitor detecte todas as outras obras assim como estabelece relação direta com obras já existentes; relaciona-se bem com os antagonismos assim como pode se tornar uma mescla de ambas. Identificar um ponto de leitura aqui se torna algo intimamente relacionada ao sujeito mais do que com o objeto. Uma vez que é o leitor quem escolhe os caminhos seguidos, similarmente acontece com os finais, salvo, é claro sua particularidades de abertura e retro-alimentação.

A abertura que me refiro é a mesma que Landow (1995) se refere. Para ele num hipertexto não existe um final se não vários finais possíveis os quais acabam por se misturar e, terminam por abrir novos começos numa espécie de profunda penetração do universo dos sentidos e das significações. Por isso esse tipo de leitura é chamado não-linear, isto é, fragmenta e associa tudo que a envolve. Desta forma, se o que envolve a leitura hipertextual são as múltiplas possibilidades de começos, misturados com outras múltiplas de finais, nada mais razoável do que se ter como resultado uma infinidade de possibilidades proporcionais a natureza de pensamento humano.

Como são formados os inícios e os finais de leitura hipertextual?

De acordo com Edward W. Said, o conjunto de lexias individuais formam um Metatexto. Todas as vezes que ocorre uma junção de conteúdos Hipertextuais surge automaticamente na mente do leitor o interesse por certo tipo de assunto destacado. Em outras palavras, o ponto de partida em uma leitura hipertextual é marcado por forças externas; corporificada na figura do leitor e não do autor. Desta forma, iniciar uma leitura hipertextual significa muito mais do que simplesmente começar a ler algo, mas, sobretudo decidir o que se quer ler; determinar para onde queremos ir. Mais do que sermos levados; simplesmente vamos por nossa própria conta e escolha de decisão.

Resumidamente, um ponto inicial de leitura hipertextual leva em consideração a designação de uma intenção consecutiva.

Vemos que el principio es el punto inicial (en el tiempo, espacio o acción) de una consecución o proceso que tiena duración y sentido. El comienzo entoces, es el primer paso en la producción de significados. (Edgard W. Said, apud. Landow, p.80. 1995).

Questões de princípios e finais num texto não-linear.


Se por ventura, perguntas do tipo: por onde um texto linear começa? Por onde termina? Como se interdisciplinariza?, são nos feitas, com muita certeza responderíamos que começa por onde primeiro temos contato, não é verdade? Com relação a sua finalização, poderíamos também arriscar e dizer que, acaba quando o texto chega as suas considerações gerais, conclusões ou quando simplesmente topamos em sua última página. Sua interdisciplinaridade poderia nos ser dada com muito rigor, é verdade, porem, não variaria muito em sua configuração de acesso.

Todas essas as respostas acima se relacionam diretamente com as bases do textos linear, portanto, como poderíamos responder tais perguntas quando nos referimos a textos e suportes não-lineares? Talvez, não nos fosse igualmente fácil responder esta pergunta, devido a uma serie de fatores que a envolvem. Um desses fatores encontra-se nos princípios da hipertextualidade apresentado por meio de seqüências, nexos, bifurcações e múltiplas vozes interdisciplinares. Dessa forma, como apresentaríamos o inicio e o final de um texto não-linear no qual as hiperconexões são os grandes diretores e organizadores de leitura?.

Si presuponemos que la hipertextualidad presenta secuencias, entonces, una respuesta a esta pregunta es que tiene múltiples principios y finales en lugar de uno solo (LANDOW. 1995, p. 79).

1 de março de 2007

Comentário sobre o livro: O testamento de um excêntrico.


O testamento de um excêntrico é uma novela carregada de conteúdos Hipertextuais que se desdobram e rompem com a os princípios do texto linear (Leitura, Escritura, e Estabilidade), embora escrito num suporte linear como o livro impresso.


Vernes, ao longo da narrativa principal (descobrir que será o vencedor da herança), vai misturando e abrindo outros precedentes para dentro de outras historias que se conectam de forma complementar. Isso tudo foi feito através da utilização de elementos retóricos e simbólicos os quais tratavam os jogadores são como fichas e os estados da União americana como tabuleiro. Desta forma, foi possível a interatividade e multiplicidade de possíveis finais enquanto o leitor era conduzido a outras informações adjacentes. Nas primeiras linhas do livro já podemos observar que Vernes começa a anunciar sua retórica não-linear, observe este trecho abaixo escrito em Espanhol:

CUADERNO PRIMEIRO

I

UNA CIUDAD EM PLENA ALEGRIA

Un extranjero llegado a la principal ciudad del Illinois en la mañana del 3 de abril de 1897 hubiera podido, con perfecta razón, considerarse como un favorito del dios de los viajeros. Su libro de memorias se hubiera enriquecido dicho día con notas curiosas, propias para dar asuntos para artículos de sensación. Y seguramente, si hubiera prolongado algunas semanas primero y algunos meses después su estancia en Chicago, podría haber tomado parte en las emociones, las palpitaciones, las alternativas de esperanza y desesperación, la fiebre, en suma, de aquella gran ciudad, que parecía haber perdido el juicio.

Desde las ocho, enorme multitud, siempre en aumento, se dirigía hacia el barrio veintidós. Es éste uno de los más ricos, y está comprendido entre la Avenida Norte y la Division Street y Lake Shore Drive, que bañan las aguas de Michigán. Es sabido que las longitudes y latitudes, imponiéndolas la regularidad de líneas de un tablero de damas. […]


Neste trecho destacado, observe como Verne utiliza dentro da sua narrativa principal, outras informações que dando maior penetração tanto sobre a ambientação local como suas peculiaridades culturais. Com isso a estabilidade do texto é rompida, a escritura alterada e a leitura otimizada. Mesmo que o suporte tenha sido linear, Vernes pensou de forma não-linear sobre ele.

Os três principais aspectos do texto Linear

Embora diferentes, estes aspectos agem entre si direcionando nossa assimilação textual e, sobretudo, nos faz perceber o texto e sua metafisica como um todo. São nesses aspectos que a teoria critica precisa ser reformulada para o reconhecimento da não-linearidade como texto.

Leitura:Um texto é o que ler, as palavras y frases que tem se de ante dos olhos e vão paulatinamente produzindo significados na mente do leitor.

Escritura:
Um texto é uma mensagem imbuída de valores e intenções de um escritor, gênero ou cultura dada. “A todo discurso subjaz uma ideologia” (Marcuse)

Estabilidade:
Um texto é uma seqüência fixa de componentes (princípios, meios e fins) que não podem mudar a menos que possa fazer sua interpretação.


Noções sobre Texto e Não-linearidade.

Para poder apresentar uma textualidade não-linear como fenômeno estudo da teoria critica do Texto, é preciso fazer uma reformulação sobre os conceitos de texto os quais basicamente formam a tríplice relação significativa: Leitura, Escritura e Estabilidade.

Por texto pode se entendido como um complexo sistema de significantes codificados sobre um suporte que possibilita sua decodificação ao mesmo tempo dentro de uma estabilidade coerente. Essa idéia carrega consigo um pouco da intricada relação de valores culturais que precisam ser reformulados, pois, como diz Landow (1997):

Para presentar la textualidad no lineal como fenómeno que atañe a la teoría del texto, debe replantarse por completo el concepto de textualidad de modo que incluya tanto los textos lineales como los no lineales.


Um texto não-linear pode ao mesmo tempo um objeto de comunicação verbal como não-verbal proporcionalmente. De qualquer forma, ele não se limita simplesmente numa seqüência estática; fixa de significantes como palavras e frases, mas, sobretudo representa a forma; o modo de como isso tudo se relaciona.

Os textos não-lineares são tão variados quanto diferentes entre si. Da mesma forma que são os textos lineares se moldam de acordo ao meio codificado o mesmo acontece com os textos não-lineares cujo tipo de leitura depende inteiramente do suporte empregado. Isso, com efeito, me faz lembrar de certa frase de Mc Luhan que diz: “O meio é a mensagem”. Talvez isso nos remeta as razoes do texto não-linear; ou pelo menos a partir dele, os computadores foram inventados da mesma forma que este reformula e amplia as funções e relações com os textos não-lineares.